Co p é r n i c o
Matemático e Astrônomo polonês, Nikolaj Kopernik nasceu em Tourn, na Posnâmia ( região polonesa as margens do Vístula ), fronteira com a Alemanha em 14 de fevereiro de 1473, filho de um comerciante que o deixou órfão aos onze anos, tendo sido tutelado pelo seu tio materno Lucius Waczenrade, eleito bispo de Erimland em 1489. Vale salientar que latinizaram seu nome para Nicolaus Copernicus dando origem a forma aportuguesada Nicolau Copérnico.
Sob a orientação do astrônomo, matemático Wojcech Brudzewski, autor de um comentário ao livro do matemático austríaco Georg Von Peuerbach com respeito ao sistema de Cláudio Ptolomeu, em 1491 Kopernik ingressou na Universidade de Cracóvia devotando-se ao estudo do desenho, matemática e astronomia.
Ingressou para a Itália em 1496, onde permaneceu por um longo período estudando grego e direito canônico por três anos, o qual recebeu influência direta de Brudzewski pelos estudos humanísticos quando estava na Polônia, na Universidade de Bolonha e medicina na Universidade de Pádua.
Pelo fato de ter vivido no período Renascentista, no qual a restauração do espírito clássico nas letras e nas artes, conseqüência do surto de renovação intelectual e revolucionária do saber e da cultura, como também, ter servido à Igreja Católica, Kopernik, em 1501, regressou à Polônia para assumir o posto de cônego da catedral de Frauenburg mas, logo depois, partiu novamente para a Itália, onde em Bolonha associou-se a Domenico Maria Novarra, professor de astronomia da universidade, com quem parece ter feito as primeiras observações astronômicas, entre as quais a da ocultação de Aldebaran em 9 de março de 1497.
Regressando definitivamente à Polônia em 1506, Kopernik passou a dedicar-se à elaboração de seu novo e revolucionário sistema cosmológico. Com o objetivo de prosseguir nas observações astronômicas que iniciara durante os anos que permaneceu na Itália, estabeleceu-se um pequeno observatório. Em 1512 residiu alguns meses no palácio episcopal de Heilsberg, com seu tio Watzelrode. No mesmo ano, após o falecimento do seu tio, Kopernik voltou à Frauenburg.
Reiniciando seus estudos concernentes a sistemas celestial, apesar de não ter sido um grande observador, Kopernik, dedicou-se exclusivamente à astronomia, pois esta era a sua verdadeira paixão. Estudou o sistema de Filolau ( séc. V a.C. ) no qual existia dez corpos celestes em que uma anti-Terra ( a Terra, a Lua, os planetas Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter e Saturno ) e as estrelas, fixas, teriam como centro um Fogo Central, de origem divina; Eudoxo, contemporâneo de Platão, acreditava que a órbita circular de cada planeta estaria fixada a uma esfera que girava; este modelo foi aperfeiçoado por Calipo, discípulo de Eudoxo, que introduziu algumas esferas para melhor explicar os movimentos dos corpos celestes; Aristóteles** ( séc. IV a.C. ) elaborou um modelo do cosmo, segundo o qual o movimento dos corpos era circular e uniforme.
A Terra, fixa, era o centro do universo; uma concepção heliocêntrica era a de Heráclides do Ponto ( 390 - 322 a.C. ) segundo a qual, sugeriu a rotação da Terra a fim de explicar o movimento observado nas estrelas, imaginando que Mercúrio e Vênus girassem em torno do Sol; Deve-se, porém, a outro pensador da antiguidade o primeiro modelo heliocêntrico do Universo: Aristarco de Samos estendeu as idéias de Heráclides para os demais planetas; preocupado em explicar com exatidão o movimento retrógrado dos planetas, surge o Modelo Geocêntrico Clássico o qual Hiparco estabeleceu o modelo em que a Terra permanece fixa no centro de um círculo giratório ( deferente ), sendo que um ponto desse círculo é o centro de outro círculo ( epiciclo , onde o planeta se movimenta, ou seja, cada planeta requer um sistema separado deferente-epiciclo; Ptolomeu ( séc. II d.C. ) aperfeiçoou o sistema de Hiparco construindo um modelo que durou cerca de quatorze séculos.
Interessado em preservar a perfeição do movimento circular, apesar de sua preocupação com a censura eclesiástica, pois respeitava e temia as autoridades religiosas, como também, ciente de que seria mais adequado para a igreja confirmar a teoria de Ptolomeu, pois as citações bíblicas se adequaria de modo mais conveniente, Kopernik, mesmo assim, construiu o modelo heliocêntrico, ou seja, os planetas deveriam girar em torno do Sol, havendo necessidade de introduzir alguns epiciclos em seu sistema com a finalidade de explicar alguns movimentos planetários.
Modelo coperniciano ou heliocêntrico para o sistema solar se movem em órbitas concêntricas, estando o Sol no centro. A Terra é considerada como um planeta que gira em torno do próprio eixo e em torno do Sol.
Seu principal opositor foi o professor Tycho Brahe que rejeitava a hipótese heliocêntrica pelo fato de não se observar a paralaxe para o planeta Saturno. Seu modelo consistia em uma Terra estacionária, com um sistema de órbitas circulares para os planetas, centradas no Sol. Embora rejeitasse a hipótese copernicana, a observação do surgimento de uma nova estrela no céu abalou um pilar da concepção aristotélica de mundo vigente até então: A esfera celeste não era perfeita em sua imutabilidade. Adicionou-se a isto a observação de seis cometas com ausência de paralaxe, indicando não pertencerem a esfera sublunar. Na época, a crença era que Deus enviava os cometas à esfera sublunar como uma grave advertência, sendo muitos acontecimentos históricos serem associados à sua passagem. A observação da supernova e dos cometas constituiu marco decisivo para a derrubada da crença aristotélica da perfeição dos céus. Os trabalhos de Tycho Brahe tiveram um outro papel fundamental: suas mensurações de posições planetárias formaram a base para as conclusões de Kepler sobre as órbitas elípticas dos planetas. Em 1529, circulava entre os astrônomos um manuscrito " Nic. Copernici de Hypothesibus motuum coelestium a se constitutis commentariolus " ( Breves comentários de Nicolau Copérnico em torno de suas hipóteses sobre os movimentos celestes ) onde ele apresentava o sistema heliocêntrico como uma hipótese. O papa Clemente VII aprovou o ensino da teoria em Roma e o cardeal Schönberg solicitou sua publicação. Kopernik achava que era inútil antes que tivesse sido elaborada uma teoria completa, nitidamente superior ao sistema ptolomaico. Georg Joachim Rhäticus, professor de matemáticas em Wittenberg, veio a Frauenburg para discutir com Kopernik e tornar-se seu discípulo; após muita insistência, conseguiu autorização para tornar públicas essas idéias. Em 1540, foi permitido que George Joaquim Rhäticus, discípulo de Kopernik), através de uma notícia preliminar em " Narratio de libris revolutionun Copernici " (Narrativa acerca das obras de Copérnico sobre revoluções ) que publicasse suas idéias, ao mesmo tempo, que mandava para impressão, em Nuremberg, a obra completa, " De revolutionibus orbium coelestium " ( Das revoluções dos orbes celestes ). Finalmente em 1543, Rhäticus fez circular, em Nuremberg, a obra completa de Kopernik - Sobre a revolução das orbes celestes, onde a Teoria Heliocêntrica, era colocada de forma científica, e não como hipótese, estabelecendo assim, um marco definitivo na história da astronomia. Embora tenha encontrado alguns adeptos entre os seus contemporâneos, o sistema heliocêntrico de Kopernik só foi realmente consagrado depois dos trabalhos de Kepler e de
Galileo. O próprio Tycho Brahe, que devotava-o grande admiração e estima, negou-se a aceitar integralmente sua teoria. Em 24 de maio de 1543, faleceu na cidade de Frauenburg NIkolaj Kopernik.